O que faz uma escola feliz? O papel dos afetos e das emoções na aprendizagem e no desenvolvimento do ser humano está sustentado na investigação e é unânime, pelo menos em teoria. Sabemos todos escrever sobre a componente emocional e sabemos defender porque é crítica na aprendizagem. São muitos os exemplos de programas de desenvolvimento emocional em contexto educativo, seja integrados no currículo, seja como atividades extracurriculares. Falar de emoções, compreender a nossa vivência emocional, saber ver o outro e interpretar as suas emoções poderá ser uma ferramenta essencial se puder ser usada. Mas pode tornar-se tão obsoleta como uma chave de fendas guardada numa caixa para a qual não temos a chave. Está lá, sabemos que poderíamos usá-la porque somos capazes de...mas não temos hipótese porque nos falha o contexto e a oportunidade. Estaremos mesmo disponíveis para deixar entrar as emoções pela porta grande? Numa sociedade em que ainda se advoga que as emoções e as questões pessoais devem ficar à porta das organizações, estaremos mesmo disponíveis para acolher e experienciar as emoções, as nossas e as dos outros? Fará sentido dizermos aos professores/adultos para deixarem as suas emoções à porta para depois lhes pedirmos que eduquem sobre o desenvolvimento emocional ou que defendam uma escola feliz? E não estamos sequer a pensar nas emoções mais cinzentas, aquelas que nos tiram a energia, que nos deixam confusos, frustrados, irritados, tristes, agressivos. Comecemos pelo básico... estaremos nós dispostos a deixar entrar a alegria? Dizia o Vinicius de Moraes que "Alegria é a melhor coisa que existe! É assim como a luz no coração". Na escola a alegria é emoção, são sorrisos, são gritinhos, corridas, corpos que se mexem, abraços, humor, barulho, caos... Na escola online a alegria é emoção, são sorrisos, são microfones que se ligam, vozes que se atropelam, corpos que se mexem, humor, música, animais de estimação, barulho, caos... Para ser uma escola feliz é preciso muito mais que aceitar e defender a fundamentação científica. É preciso muito mais que ter cartões ou dados de emoções, workshops de riso ou aulas de mindfulness. É preciso aceitar que a alegria é como a luz do coração. E a luz precisa de espaço, palco, tempo, liberdade para ser e para se espalhar. É preciso acreditar que alegria e aprendizagem podem e devem andar de mãos dadas. |
AutorScholé Histórico
February 2022
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