Nas últimas 5 semanas as crianças da Scholé andaram dedicadas ao Lixogeddon e a repensar a vida na Terra para dar espaço ao Espaço.
Neste projeto de aprendizagem redescobriram o sistema solar e os corpos celestes, descobriram os satélites, enfrentaram o problema do lixo espacial e pensaram em formas mais ou menos criativas de lidar com os detritos do espaço. O nosso Lixogeddon chegou ao fim mas é só o princípio de uma grande aventura espacial e deu origem a este museu online interativo. Tínhamos muito para vos mostrar mas escolhemos o que mais nos divertiu e o que mais vos pode ensinar, esperamos que gostem! A entrada no museu é por aqui - https://www.artsteps.com/view/62001b0cc65162a9100e3f22 - e têm um tutorial do lado esquerdo que explica como podem circular sem bater contra as paredes. Devem clicar nas obras para saber mais e usar os qr codes para assistir aos filmes e teatros! Há versão em PT e em EN (de quase tudo) e ainda queremos deixar um agradecimento especial ao Hugo van der Ding que não deve imaginar quem somos mas nos inspirou a fazer as nossas próprias bandas desenhadas (de humor duvidosamente bom) sobre o espaço! Divirtam-se! Nós vamos descansar uns dias para depois começarmos outro projeto louco! Ahhhh! E deixem-nos feedback, nós adoramos saber o que acham dos nossos trabalhos! In the last 5 weeks Scholé's children have been dedicated to Lixogeddon and rethinking life on Earth to make room for Space. In this learning project, they rediscovered the solar system and celestial bodies, discovered satellites, tackled the problem of space junk and thought of more or less creative ways to deal with space debris. Our Lixogeddon has come to an end but it's just the beginning of a great space adventure and gave rise to this interactive online museum. We had a lot to show you but we chose what we enjoyed the most and what else it can teach you, we hope you like it! Entrance to the museum is here - https://www.artsteps.com/view/62001b0cc65162a9100e3f22 - and they have a tutorial on the left that explains how to get around without crashing into walls. You must click on the art worsks to learn more and use the qr codes to watch movies and theaters! There is a PT and EN version (of almost everything) and we also want to give a special thanks to Hugo van der Ding who for sure doesnt know who we are but inspired us to make our own comics (with doubtfully good humor) about space! Have fun! We're going to rest for a few days and then start another crazy project! Ohhhh! And leave us feedback, we love to know what you think of our work! Estamos de volta como sempre desejamos. Sentir a casa cheia, o barulho, os sorrisos, as gargalhadas, as frustrações, as zangas, era tudo o que queríamos nas últimas semanas. Tudo faz parte. Tudo tem o seu tempo.
Regressar não é um mar calmo. Estamos todos ansiosos, cansados, revoltados. Estamos há demasiado tempo limitados, restringidos, amordaçados. Queremos a nossa vida de volta, aquela que sempre desejamos e fomos estimulados a construir, de forma proativa. Quando passamos por períodos críticos temos sempre tendência a pensar, a refletir, a avaliar, a questionar, a pôr em causa. Estaremos no caminho certo? Fazemos as escolhas corretas? Estaremos a fazer tudo o que devemos? Estar em casa levou muitas famílias, em muitos países, a questionar-se sobre a escola. Que escola é esta que estamos a proporcionar às crianças? Que programas, que conteúdos, que visão temos para a escola? Quer para os que estão num registo mais tradicional, quer para os que estão num registo mais inovador, há sempre espaço para reflexão e dúvidas. Nenhum modelo pode garantir ser a solução ideal para todas as crianças, em todas as comunidades. Escolher uma escola é escolher um projeto educativo que é, ou deveria ser, muito mais que um currículo. Um projeto educativo é um projeto de vida. É um compromisso com uma forma de estar, uma forma de ver a vida, uma forma de perceber a sociedade, uma forma de nos posicionarmos face ao mundo. O COVID e este período crítico trouxeram à Scholé uma certeza - este é o nosso caminho. Não se faz de fichas nem de memorizações, não se faz de pressão externa nem de avaliações estandardizadas, não se faz de aulas cronometradas nem metas ininteligíveis. Faz-se, naturalmente, de dúvidas, de incertezas e de riscos. Trilhar caminhos diferentes é sempre uma aventura e uma descoberta. Estamos, talvez pela primeira vez, tranquilos e confiantes neste modelo de caos bom que criamos e a construir a equipa que abraçará este desafio por muitos e longos anos. Não é para todos, adultos e crianças incluídos, mas é para quem o quiser abraçar. E qualquer escolha é uma escolha. É um caminho que se define em detrimento de outros. Não há um caminho único, há apenas a certeza que o que escolhermos tem de ser o nosso, em função dos nossos valores e do sonho que comanda a nossa vida. Para nos sentirmos em casa durante a viagem e para que o coração tenha sempre um porto de abrigo seguro.
O que faz uma escola feliz? O papel dos afetos e das emoções na aprendizagem e no desenvolvimento do ser humano está sustentado na investigação e é unânime, pelo menos em teoria. Sabemos todos escrever sobre a componente emocional e sabemos defender porque é crítica na aprendizagem. São muitos os exemplos de programas de desenvolvimento emocional em contexto educativo, seja integrados no currículo, seja como atividades extracurriculares. Falar de emoções, compreender a nossa vivência emocional, saber ver o outro e interpretar as suas emoções poderá ser uma ferramenta essencial se puder ser usada. Mas pode tornar-se tão obsoleta como uma chave de fendas guardada numa caixa para a qual não temos a chave. Está lá, sabemos que poderíamos usá-la porque somos capazes de...mas não temos hipótese porque nos falha o contexto e a oportunidade. Estaremos mesmo disponíveis para deixar entrar as emoções pela porta grande? Numa sociedade em que ainda se advoga que as emoções e as questões pessoais devem ficar à porta das organizações, estaremos mesmo disponíveis para acolher e experienciar as emoções, as nossas e as dos outros? Fará sentido dizermos aos professores/adultos para deixarem as suas emoções à porta para depois lhes pedirmos que eduquem sobre o desenvolvimento emocional ou que defendam uma escola feliz? E não estamos sequer a pensar nas emoções mais cinzentas, aquelas que nos tiram a energia, que nos deixam confusos, frustrados, irritados, tristes, agressivos. Comecemos pelo básico... estaremos nós dispostos a deixar entrar a alegria? Dizia o Vinicius de Moraes que "Alegria é a melhor coisa que existe! É assim como a luz no coração". Na escola a alegria é emoção, são sorrisos, são gritinhos, corridas, corpos que se mexem, abraços, humor, barulho, caos... Na escola online a alegria é emoção, são sorrisos, são microfones que se ligam, vozes que se atropelam, corpos que se mexem, humor, música, animais de estimação, barulho, caos... Para ser uma escola feliz é preciso muito mais que aceitar e defender a fundamentação científica. É preciso muito mais que ter cartões ou dados de emoções, workshops de riso ou aulas de mindfulness. É preciso aceitar que a alegria é como a luz do coração. E a luz precisa de espaço, palco, tempo, liberdade para ser e para se espalhar. É preciso acreditar que alegria e aprendizagem podem e devem andar de mãos dadas. Muito se tem falado nas últimas semanas sobre a indisciplina e a violência nas escolas. Acumulam-se opiniões, mais ou menos refletidas; somam-se horas de debates e reportagens nos meios de comunicação; esticam-se os dedos para apontar culpas e definem-se, com relativa facilidade, castigos revestidos de tanto formalismo que quase parece que estamos certos das causas e das consequências.
A Scholé é tão escola quanto qualquer escola. E por ser escola tem pessoas. Adultos, crianças, professores, orientadores, pais. Como em todas as escolas (e para ser realista, como em todas as casas) há dias em que as emoções estão alinhadas e outros em que são tão contraditórias que é difícil compreender-nos (quanto mais compreender o outro). Há dias em que as palavras são sentidas e pensadas e dias em que saem sem controlo, nem do cérebro nem do coração. Há dias em que nos vemos e dias em que fingimos não ver. Há dias em que nos damos a ver e dias em que queremos ser vistos. Há dias em que partilhamos tudo, até quem somos... e dias em que escolhemos ser Narcisos. Quando escolhemos ser escola, escolhemos princípios que nos ajudam a caminhar e a crescer. Escolhemos um modelo pedagógico que vive de três H´s (Head, Hands and Heart). Escolhemos a emoção como ponto de partida para o desafio. Escolhemos a relação como critério de sucesso para a aprendizagem. Escolhemos desenhar a aprendizagem começando sempre pelas atitudes, as competências e os valores que depois estruturam o conhecimento e o que faremos com ele. Muito se fala também sobre competências sócio-emocionais. A investigação é clara e inequívoca quando define a relação entre a emoção e a memória, entre processos cognitivos e afetivos... Construíram-se currículos, programas de intervenção e metas a cumprir. Mas voltamos a esquecer o elementar. Para que se cumpra efetivamente uma escola de emoções, uma escola em que a aprendizagem social e emocional potencia a compreensão e gestão das emoções, a capacidade de estabelecer e manter relações positivas com os outros e de usar as emoções nos processos de tomada de decisão, importa que o façamos todos - crianças e adultos. A relação é um dos pilares da Scholé. Este fim de semana, quando nos juntamos para conversar sobre avaliação, começamos por falar de relação. Mapeamos os laços que já construímos para sabermos onde estamos a investir, com quem estamos a falhar, a quem podemos tocar. Porque quando avaliarmos o nosso primeiro projeto de aprendizagem deste ano letivo temos de ser capazes de também avaliar a relação e o impacto que as emoções causaram no processo de crescimento de cada criança e da equipa que a acompanhou. Mas este exercício exige da escola, tempo e disponibilidade. Para permitir aos adultos que também aprendam a conhecer-se. Que saibam sentir-se e colocar as suas emoções ao serviço da relação. Que saibam pedir ajuda quando precisam. Que saibam oferecer ajuda quando a procuram. Que queiram preocupar-se. Que sintam que essa preocupação é recíproca. Que saibam parar, refletir, reconhecer os erros, definir caminhos alternativos. Que se sintam em segurança para falar de relações com a mesma certeza com que falam de frações. "... partilhamos com Teresa Estrela (2002, p. 48) a ideia de que “é mais fácil amar o aluno do que respeitá‑lo”. Amar, expressar sentimentos como a ternura, é algo de instintivo, espontâneo e imediato; mais difícil é respeitar, porque implica compreensão (revelação e doação mútua), ética (responsabilidade pelo “outro” em si e pelo futuro que se anuncia e nascerá dos seus projectos), capacidade de olhar o “outro” (o aluno) como pessoa e de nos olharmos a nós (professores) na interacção com ele (o aluno como um alter ego). Nas palavras sábias de George Steiner (2003, p. 15): “obviamente, as artes e os actos do ensino são dialécticos, no sentido próprio deste termo tão abusivamente utilizado. O Mestre aprende com o discípulo e é modificado por esta inter‑relação através de algo que, idealmente, se converte num processo de troca. O acto de dar torna‑se recíproco, como nos meandros do amor”. Amado, João; Freire, I.; Carvalho, Elsa & André, Maria João (2009). O lugar da afectividade na Relação Pedagógica. Contributos para a Formação de Professores. Sísifo. Revista de Ciências da Educação, 08, pp. 75-86 Quando pensamos a nossa Scholé fizemos um exercício de pesquisa que se revelou um trabalho (para sempre) inacabado. Procuramos pedagogias, pedagogos, teorias e práticas. Lemos muito, escrevemos muito, viajamos muito. Fizemos formação com pessoas genuinamente inspiradoras e que mudaram para sempre a nossa visão da aprendizagem. Visitamos escolas, tantas e em tantos países. Escolas antigas e novas, escolas construídas de raíz e outras que nasceram em lugares improváveis, escolas modernas e tecnologicamente avançadas e escolas onde não havia sequer computadores. Em todas aprendemos a mesma lição. Os espaços de aprendizagem têm de refletir a pedagogia que se quer viver e têm de ser a face visível da cultura, dos valores e dos princípios de aprendizagem que a escola quer nutrir. Nesta nossa pesquisa pelo mundo descobrimos arquitetos e designers brilhantes. Escolas com que (ainda) sonhamos (ou não tivessem os sonhos orçamentos ilimitados). Descobrimos também uma robusta linha de investigação sobre como devem ser os espaços de aprendizagem. E descobrimos escolas que souberam, sem luxos nem medos, criar espaços de escola que têm tudo. Evoluir e inovar na aprendizagem também é isto. É saber que quando se pensa e dá vida a uma escola, o primeiro e primordial critério deverá sempre ser o que se faz no espaço e não qual é o espaço. Agora que se repensa, por tantas vezes, a educação em Portugal talvez possamos deixar cair as pretensões luxuosas e a necessidade de uniformizar e construir mega espaços isolados para dar valor à pedagogia, à diversidade e à partilha. [e para os que procuram inspiração, fica o registo sobre esta Escola maravilhosa que jamais poderia existir no nosso cantinho da Europa!] #learninginnovation #learningspacesdesign #hygge #quandoapedagogiavalemaisqueatradiçãoobsoleta Em fevereiro vamos navegar até Bolonha a convite da ADi Docenti e Dirigenti Scolastici
Nesta "Education Renaissance – Let’s build the future", vamos levar a nossa Scholé e partilhar como queremos transformar a educação através da humanidade. Quando em setembro começamos o ano letivo não sabíamos exatamente onde nos levariam as viagens deste ano... Começamos o ano com dois grandes desafios: encontrar espaço, na sociedade portuguesa, para viver o projeto educativo da Scholé e criar pontes para dar vida aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Em fevereiro, quando estivermos em Bolonha e pudermos partilhar e construir visões de futuro com amigos, educadores e inovadores sociais da Índia aos Estados Unidos, da Finlândia à Nova Zelândia; saberemos que estamos no caminho certo. Nós falamos no dia 28, num painel que nos enche de orgulho ("Kindness Matters") e logo a seguir ao Anantha Duraiappah, Diretor do Mahatma Gandhi Institute of Education for Peace and Sustainable Development da UNESCO | Índia. Prometemos trazer muitas notas e fotografias para partilhar o tanto que vamos aprender! Consultem o programa aqui: http://adiscuola.it/…/education-renaissance-lets-build-th…/… #changemakerschools #ashoka #futurelearning #sustdev "On the other hand, we do want to explicitly warn that teachers should not allow themselves to be divided over how to teach. Teachers have to acknowledge that there is no pedagogical creed, no canonical way of teaching and learning.
The teaching profession has weakned itself by being divided over issues like direct instruction versus self-directed learning. (...) Teaching requires a constant and rigorous look at a context of the child in time and place and at yourself as a teacher. What should always be the case, however, is that professional discourse is intense and rigorous to such an extent, i.e. its voice should ring so loud, that it reduces the political voice to a smaller, yet equal voice." Flip the system. Changing Education from the ground up. 2016 A viagem da Scholé não começou no dia em que abrimos portas e vestimos pela primeira vez as nossas camisolas amarelas. Começou anos antes quando nos apaixonamos pela aprendizagem e viajamos pelos livros, pelos autores, pelas escolas e pelos países para conhecermos e darmos sentido à escola que queríamos viver. Nesta viagem prévia descobrimos o princípio mais básico de toda a pedagogia: quando falamos de aprender e de seres humanos, não há um modelo ideal, uma receita única, uma fórmula de sucesso. Quando abraçamos o nosso caos e escolhemos seguir esta abordagem pedagógica, inspirados num modelo dinamarquês, de projeto, profundamente experiencial, sabíamos que, longe de escolher um itinerário, estávamos a escolher um caminho. Uma estrada com muitas intersecções, um percurso com muitas ramificações. A nossa abordagem pedagógica de projeto parte da ação para a reflexão e para a teoria. Dá significado à experiência e permite construir significados. E fá-lo de múltiplas formas e recorrendo a diferentes correntes, conforme o tópico, o grupo e os objetivos de cada projeto de aprendizagem. Usamos os princípios de Montessori, de Reggio Emilia, do Playful Learning, de Inquiry Based Learning...e de tantas outras correntes que, em conjunto ou individualmente, contribuem de forma sistémica para a nossa missão: desenvolver mentes felizes e corações inteligentes. E cada professor, cada orientador que se cruza no caminho de aprendizagem destas crianças contribui, com a sua individualidade, para essa missão. Sem concursos de perfeição, sem rankings e sem pretensões de conhecermos o Santo Graal da educação. Porque aos professores também cabe esta tarefa. De criar unidade e respeitar a diversidade. De colaborar, de aprender com os pares e de inspirar outros. Em 2017 a Ashoka iniciou a nomeação de escolas Changemaker em todo o território português. A Scholé orgulha-se de fazer parte deste quadro! Assista ao nosso vídeo: |
AutorScholé Histórico
February 2022
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